A Estimulação Magnética Transcraniana no Tratamento da Depressão Associada à Bulimia – Relato de Caso

Cohen, R 1; Leme, M 1

1Especialização em TMS – Behavioral Neurology Unit and Laboratory for Magnetic Brain Stimulation da Harvard Medical School, Boston, Massachusetts 02215 & Centro Brasileiro de Estimulação Magnética Transcraniana – CBrEMT
 
 

RELATO DE CASO

O objetivo desse estudo é relatar o efeito da Estimulação Magnética Transcraniana (TMS) num paciente com quadro depressivo grave refratário associado à bulimia. Relato do Caso: Paciente do sexo masculino, 40 anos, com depressão desde a adolescência, agravado há dez anos devido o término do único relacionamento afetivo que teve em sua vida. Na infância esteve acima do peso e na adolescência começou a fazer regimes e provocar vômitos, imitando sua irmã; este comportamento desencadeou bulimia. Durante este período fez psicoterapia e tratamento psiquiátrico, variou de medicação várias vezes sem perceber uma melhora significativa. Nos últimos três anos só dormia quando o dia estava clareando. Estava há 1 ano e meio sem trabalhar. Disse que substituiu os fármacos antidepressivos pela academia de ginástica, já que não sentia os efeitos positivos da medicação. Procurou novamente seu médico que reintroduziu Fluoxetina (20mg na 1ª semana, 40mg na 2ª e 60mg a partir da 3ª semana) e concomitantemente encaminhou para a TMS. Fez dez sessões diárias de TMS de baixa frequência 1 Hz sobre o córtex pré-frontal Direito. A partir da primeira sessão percebeu efeitos positivos, como melhora do sono e maior disposição física. Na quarta sessão afirmou que havia cessado a bulimia. Observou-se melhora clinica significativa e remissão completa ao término de 10 sessões [redução de 85, 7% na HAM – D (21 pré vs. 3 pós – rTMS)]. A partir daí passou para esquema de uma vez por semana. Na décima quarta, o sono estava muito melhor. Na décima sétima apresentava sinais de hipomania. A medicação foi diminuída gradativamente e o paciente a cessou voluntariamente. Desde então, sob esquema de manutenção mensal, encontra-se há dois meses assintomático.

 

CONCLUSÃO

Esse é o primeiro relato que demonstra o benefício da TMS como potencializador dos fármacos no tratamento da depressão associada a transtornos alimentares, sugerindo assim a necessidade de futuros ensaios clínicos.