EMTr e a Doença de Parkinson: Uma nova alternativa promissora
Por TMS Brasil. Dez, 2024.
A doença de Parkinson é uma condição neurológica que afeta milhões de pessoas no mundo todo. Ela surge devido à perda progressiva de células cerebrais que produzem dopamina, uma substância essencial para controlar os movimentos. Com o tempo, isso leva a sintomas como tremores, rigidez muscular, lentidão de movimentos e, em muitos casos, problemas emocionais e cognitivos. Embora existam medicamentos e terapias para aliviar os sintomas, nenhuma delas consegue reverter os danos causados pela doença.
Recentemente, um grupo de cientistas publicou uma pesquisa no jornal científico Molecular Neurodegeneration, explorando os efeitos da Estimulação Magnética Transcraniana repetitiva (EMTr) em pacientes com Parkinson. Este tratamento é uma técnica não invasiva que utiliza pulsos magnéticos para ativar áreas específicas do cérebro. A ideia é “reorganizar” a atividade cerebral e, assim, melhorar a função motora e possivelmente outros aspectos da doença.
O que o estudo descobriu?
Os pesquisadores trataram pacientes com Parkinson aplicando EMTr no córtex motor primário, uma área do cérebro que controla os movimentos, durante 10 dias consecutivos. Após esse período, os pacientes apresentaram melhorias claras nos movimentos, e esses efeitos positivos se mantiveram por mais de um mês.
Mas o estudo foi além de simplesmente observar os sintomas. Ele também analisou o que estava acontecendo no corpo dos pacientes no nível celular. Os resultados mostraram que a EMTr não apenas ajudava nos movimentos, mas também parecia reduzir a inflamação no corpo.
A inflamação é uma resposta do sistema imunológico que, em excesso, pode ser prejudicial, especialmente no cérebro. Ela está ligada à progressão do Parkinson e de outras doenças neurológicas. No estudo, os pesquisadores notaram um aumento significativo nas células chamadas Tregs, que têm a função de “desligar” a inflamação. Essa descoberta sugere que a EMTr não está apenas aliviando os sintomas motores, mas também combatendo uma das causas subjacentes da doença.
A descoberta de uma proteína promissora
Outra parte fascinante do estudo foi a identificação de uma proteína chamada sinaptotagmina 6 (SYT6). Os pesquisadores descobriram que essa proteína está envolvida nos efeitos positivos da EMTr. Quando SYT6 foi reduzida em modelos experimentais, os benefícios da estimulação magnética diminuíram, sugerindo que ela desempenha um papel importante na melhora observada.
Isso é animador porque abre a possibilidade de criar novos medicamentos ou terapias que se concentrem diretamente nessa proteína.
O que isso significa para o futuro?
Embora o estudo tenha sido promissor, ainda é cedo para dizer que a EMTr será a solução definitiva para o Parkinson. Mais pesquisas são necessárias para confirmar esses resultados, entender todos os mecanismos envolvidos e determinar como a técnica pode ser usada da melhor maneira.
Ainda assim, esta descoberta representa um grande avanço. Ela mostra que, além de tratar os sintomas, podemos estar nos aproximando de formas de desacelerar ou até mesmo reverter parte dos danos causados pela doença.
Combinando ciência de ponta e tecnologia, tratamentos como a EMTr podem, no futuro, trazer mais esperança e qualidade de vida para quem enfrenta o Parkinson.
Leitura sugerida:
Xie F, Shen B, Luo Y, Zhou H, Xie Z, Zhu S, et al. Repetitive transcranial magnetic stimulation alleviates motor impairment in Parkinson’s disease: association with peripheral inflammatory regulatory T-cells and SYT6. Molecular Neurodegeneration. 2024 Oct 25;19(1). DOI: 10.1186/s13024-024-00770-4.