Efeitos da Estimulação Magnética Transcraniana na Depressão
Efeitos sobre a cognição, humor e limiar motor cortical foram recentemente publicados em rigoroso estudo aplicando 10 sessões de rTMS de alta frequência sobre o CPFDLE, consistindo de 2000 estímulos em cada sessão (50 séries de 2 segundos a uma frequência de 20 Hz) em 10 pacientes com depressão maior resistente à farmacoterapia. O tratamento com a rTMS foi associado com uma significante melhora no humor, incluindo uma redução média de 41% na HAM-D 24 itens (37 ± 8 pré rTMS vs. 22 ± 11 após 10ª sessão rTMS) e uma redução média de 40% nos escores da Escala de Beck (32 ± 8 pré rTMS vs. 19 ± 11 após 10ª sessão rTMS). A melhora nos escores da escala de Beck nos 10 pacientes comparados ao pré tratamento – linha de base (32 ± 8) encontrou-se ainda significativa após 1 mês (25 ± 11; z = -2.366; p < 0.02; Wilcoxon) e após 3 meses (22 ± 9; z = -2.521; p < 0.01; Wilcoxon). Todos os pacientes toleraram bem o tratamento havendo apenas relato de desconforto transitório na região do crânio relativa à bobina em 5 pacientes e cefaleia leve em 3 pacientes aliviadas com acetominofeno. Os seguintes testes neuropsicológicos foram aplicados: Mini Mental Status Exam (MMSE), Hopkins Verbal Learning Test (HVLT) série 3 e após 20 minutos, Digit Span (porcentagens forward e backward), Controlled Oral Word Association (COWA) e Boston Naming Test (BNT). Em todos os testes a rTMS não demonstrou efeitos adversos sobre a cognição; ao contrário, o tratamento com a estimulação magnética foi consistentemente associado com melhora na performance nos testes neuropsicológicos. Os autores demonstraram que logo após o tratamento alcançou-se melhora com significância estatística no Digit Span (forward) e COWA e 3 meses após o tratamento as melhoras no HVLT, COWA e BNT continuavam estatisticamente significativos.
Triggs WJ; McCoy KJ; Greer R; Rossi F; Bowers D; Kortenkamp S; Nadeau SE; Heilman KM; Goodman WK Effects of left frontal transcranial magnetic stimulation on depressed mood, cognition, and corticomotor threshold. Biol Psychiatry 1999 Jun 1;45(11):1440-6
Stikhina et al. publicaram estudo aplicando a estimulação magnética em combinação com psicoterapia em pacientes com depressão neurótica, incluindo 15 pacientes no grupo experimental e 14 no grupo controle. Durante 10 dias, a rTMS foi aplicada com frequência de 40 Hz e intensidade de 0,015 T, durante 2 séries de 10 minutos cada com intervalo de 5 minutos entre as mesmas, com uma bobina de 5 cm aplicada sobre a área pré-frontal esquerda. O grupo controle recebeu o mesmo tempo de estimulação simulada. A melhora do quadro ocorreu em 13 pacientes do grupo experimental e em 3 do grupo controle. O tratamento com a rTMS produziu uma atenuação significativa na Escala de Hamilton (de 22,9 para 8,6) e no Inventário para Ansiedade (de 39,4 para 26,6), que foi significativamente maior em comparação ao grupo controle. Não se observou nenhuma alteração nos níveis pressóricos sanguíneos, frequência cardíaca nem quaisquer alterações patológicas nos registros eletroencefalográficos.
Stikhina NIa; Lyskov EB; Lomarev MP; Aleksanian ZA; Mikhailov VO; Medvedev SV: [Transcranial magnetic stimulation in neurotic depression] Transkranial’naia magnitnaia stimuliatsiia pri nevroticheskoi depressii. Zh Nevrol Psikhiatr Im S S Korsakova 1999;99(10):26-9
Cohrs et al. demonstraram que a rTMS atrasa o primeiro período de sono REM em média de 17 minutos (102.6 +/-22.5 min vs 85.7+/-18.8 min; p < 0.02) e prolonga a duração do ciclo nonREM-REM (109.1+/-11.4 min vs 101.8+/-13.2min, p< 0.012). Essas mudanças induzidas pela rTMS nas variáveis do sono REM correspondem aos achados observados após tratamento farmacológico e eletroconvulsivo na depressão. Esses autores sugerem, portanto, que a capacidade da rTMS em afetar os ritmos biológicos circadiano e ultradiano contribui para sua ação terapêutica.
Cohrs S; Tergau F; Riech S; Kastner S; Paulus W; Ziemann U; Ruther E; Hajak G. High-frequency repetitive transcranial magnetic stimulation delays rapid eye movement sleep. Neuroreport 1998 Oct 26;9(15):3439-43
Através da tomografia por emissão de fótons (PET), 22 pacientes com depressão foram examinados antes e após 2 semanas de tratamento com a rTMS pré-frontal esquerda, em estudo duplo cego com grupos paralelos. Ao nível basal, sem uso de medicações, em todos os indivíduos encontrou-se que o fluxo sanguíneo nos lobos temporais mediais bilaterais, córtex pré-frontal esquerdo e núcleo caudado estava significativamente diminuído em proporção à severidade da depressão. Também ao nível basal encontrou-se que os pacientes responsivos à TMS apresentavam um aumento da atividade do lobo frontal inferior. Seguindo-se o tratamento encontrou-se ainda uma grande diferença na atividade do lobo frontal inferior nos pacientes responsivos comparados aos não responsivos e as correlações negativas entre a severidade da depressão e fluxo sanguíneo no sistema límbico e pré-frontal desapareceram. Esses resultados sugerem que em pacientes depressivos, 10 dias de tratamento com a rTMS afeta a atividade pré-frontal e paralímbica, o que pode explicar seus efeitos antidepressivos.
Teneback CC; Nahas Z; Speer AM; Molloy M; Stallings LE; Spicer KM; Risch SC; George MS Changes in pré-frontal cortex and paralimbic activity in depression following two weeks of daily left pré-frontal TMS. J Neuropsychiatry Clin Neurosci 1999 Fall;11(4):426-35
Embora os primeiros experimentos com modelos animais tenham demonstrado respostas comportamentais similares às encontradas com a ECT, os experimentos sobre a expressão genética imediata, em particular no núcleo paraventricular do tálamo e em outras regiões envolvidas na regulação do ritmo circadiano, em cérebro de ratos, mostram a existência de uma ativação dessas áreas com a rTMS diferente do padrão encontrado com a ECT.
Ji RR; Schlaepfer TE; Aizenman CD; Epstein CM; Qiu D; Huang JC; Rupp F. Repetitive transcranial magnetic stimulation activates specific regions in rat brain. Proc Natl Acad Sci USA 1998 Dec 22;95(26):15635-40
Estudos envolvendo a análise dos neurotransmissores em cérebros de ratos, conduzidos no Instituto Technion, demonstraram que após 10 dias de tratamento com a rTMS houve aumento significativo (up regulation) dos receptores beta-adrenérgicos no lobo frontal, diminuição no striatum e inalteração no hipocampo. Ao mesmo tempo os receptores 5-HT2 foram diminuídos no córtex frontal e ficaram inalterados em outras regiões cerebrais. Não houve mudança nos receptores benzodiazepínicos no córtex frontal e cerebelo. Esses achados demonstraram alterações específicas e seletivas induzidas pela estimulação magnética transcraniana repetitiva que diferem daquelas induzidas por outros tipos de tratamentos antidepressivos. Os efeitos terapêuticos da TMS em humanos e os efeitos comportamentais e bioquímicos em animais sugerem que esta técnica possui um mecanismo de ação ímpar que requer investigações futuras.
Ben-Shachar D; Gazawi H; Riboyad-Levin J; Klein E. Chronic repetitive transcranial magnetic stimulation alters beta-adrenergic and 5-HT2 receptor characteristics in rat brain. Brain Res 1999 Jan 16;816(1):78-8
Este artigo descreve aspectos neurofisiológicos e clínicos do uso da estimulação magnética transcraniana repetitiva (EMTr), especialmente a de baixa frequência. Técnicas de neuroimagem e hipóteses sobre o funcionamento da EMTr em longo prazo são abordados. Alguns resultados de estudos que envolvem EMTr de baixa frequência no tratamento da depressão são citados, especialmente um estudo realizado na Universidade de Brasília usando a aplicação da EMTr de baixa frequência (0,5Hz), duas vezes por semana, durante quatro semanas, em dez pacientes. Neste estudo utilizando a escala de Hamilton de 17 itens, os pacientes foram analisados em três momentos: T-0, T-1 e T-2, respectivamente, início, meio e final das aplicações. Como resultado se observou um decréscimo significativo (p < 0,01) nas suas pontuações, quando comparados os três momentos, utilizando-se o teste x 2 de Friedman. As possíveis vantagens desta técnica são discutidas.
Raphael Boechat-Barros http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-60832004000500007&lng=pt
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Pouco tempo após a sua filha Emma nasceu, Suzanne Meinert caiu em letargia e choro, cheia de culpa, sem esperança de encontrar alívio. Meinert, 37, uma médica especialista em St. John’s Mercy Medical Center, também temia que aquele bebê, brincando no chão, que alguém poderia passar por cima dela – não importava que elas estavam sozinhas em sua casa em Ballwin. “Ela chegou a um ponto que eu não fazia nada. Ir à uma mercearia parecia ser uma tarefa insuperável”, Meinert disse. O que ela não imaginava era que ela estava sofrendo de depressão pós-parto. Uma em cada cinco novas mães irá sofrer disso, e muitas vão recusar o tratamento por causa do estigma ou porque elas não querem que os seus bebes interrompam a amamentação para que elas possam ingerir antidepressivos. Meinert ouviu uma notícia sobre um novo tratamento para a depressão puerperal na Washington University Medical School. O tratamento, conhecido como estimulação magnética transcraniana repetitiva, está sendo testado pela Dra. Keith Garcia, uma psiquiatra e investigadora líder de um estudo de US$ 200000 patrocinado pela Barnes – Jewish Foundation. Dentro de poucos dias depois de receber a sua primeira sessão de tratamento, em fevereiro, Meinert disse que ela começou a se sentir melhor. Após duas semanas, seus sintomas desapareceram. “Isso foi honestamente incrível. Fiquei chocada de estar me sentindo bem depois de duas semanas”, Meinert disse. “Eu estava me sentindo como antigamente e continuo a me sentir bem até hoje”. Embora Garcia tenha tratado apenas quatro mulheres com o dispositivo, ela disse que os resultados de Meinert são semelhantes aos de outras mulheres. As quatro todas tinham melhorado do humor dentro das duas primeiras semanas ou menos de tratamento e todas disseram que se sentiam como eram antigamente até ao final das quatro semanas de tratamento. “Estou muito otimista de que o método é eficaz”, ainda mais as mulheres, disse Garcia. E as mulheres não tiveram sintomas de depressão após três meses do tratamento, indicando que um curso de quatro semanas não precisa ser repetido, disse ela. Os tratamentos são administrados de maneira indolor, nos cinco dias úteis da semana durante quatro semanas. Ele exige do paciente se sentar em uma cadeira por 37 minutos, uma onda magnética é dirigida a uma parte específica do cérebro que é associada à depressão. O pulso magnético, que não está relacionado ao “eletrochoque”, é emitido em uma bobina que repousa sobre a cabeça do paciente. A onda é sentida como a pontada de um lápis na cabeça. “É desconfortável no primeiro minuto, mas depois você se acostuma”, Meinert disse. “Para uma nova mamãe, são 30 ou 40 minutos que você não tem que fazer nada. Acabo fechando meus olhos e relaxando”. Embora dores de cabeça e convulsões são potenciais efeitos secundários do tratamento, Meinert não teve nenhum desses efeitos nem ocorreu em nenhum outro participante do estudo, Garcia disse. “É muito provável que o tratamento altere as conectividades para o cérebro”, disse Garcia. Uma razão para aa estimulação magnética se tornar tão atraente para as novas mães é que elas são capazes de evitar os efeitos secundários dos medicamentos normalmente usados para tratar a depressão pós-parto. Os efeitos secundários desses antidepressivos, que incluem Paxil e Zoloft, são diarreia, boca seca, letargia, nervosismo, mau gosto na boca e perda de libido, disse Patty Flynn, coordenador do estudo, enfermeiro registrado. Antidepressivos também levam até quatro semanas antes que as mulheres começam a sentir alívio da depressão. Sem tratamento, a depressão pode durar um ano e induz as mulheres mais de 50% de probabilidade de desenvolverem depressão mais tarde na vida, por causa dos danos cerebrais, disse ela. Garcia está buscando mais mulheres para o estudo. Mães são elegíveis se tiverem um bebé com menos de um ano e que estejam sofrendo de depressão. Não só é o tratamento gratuito, mas as mulheres são remuneradas em US$ 240 para a sua participação, disse Flynn. A estimulação magnética transcraniana repetitiva tem sido utilizada para tratar depressão fármaco-resistente assim como a esquizofrenia, em outros pacientes, durante quatro anos na Washington University. O aparelho, fabricado pela Neuronetics Inc. de Malvern, Pa., está a ser analisado para a aprovação para tratar depressão maior, pelo FDA. A aprovação poderia vir dentro dos próximos dois meses, disse Garcia. Enquanto Garcia notou que a estimulação magnética não é uma “feliz pílula”, oferece um tratamento sem medicamentos que as mulheres não tinham antes. Ter um bebê “é uma experiência espetacular”, disse ela. “Ser privado desse momento é uma vergonha.”
Shera Dalin SPECIAL TO THE POST-DISPATCH 11/12/2007
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