Pessoa usando um andador do tipo rolante

Paciente com lesão na medula espinhal recupera a capacidade de andar após estimulação magnética e elétrica

Por Spinal News International
 

O uso de estimulação magnética e elétrica simultaneamente tem mostrado resultados promissores e até mesmo ajudou um paciente com lesão medular a recuperar a capacidade de andar.
 

A estimulação simultânea dos nervos motores do cérebro e dos membros (estimulação associativa emparelhada) produziu resultados promissores de pesquisa. Anastasia Shulga, uma neurocientista e médica da Universidade de Helsinki, na Finlândia, quem chefiou o estudo de caso e pesquisa, e observou que a funcionalidade dos membros superiores ou inferiores de quase 20 pacientes que tiveram “lesões incompletas” foi melhorando com sucesso após a terapia. Shulga aponta que, no caso de lesão medular completa, a estimulação associativa emparelhada não é uma terapia apropriada.
 

A pesquisa conduzida no Laboratório BioMag, operado pela Universidade de Helsinque, Hospital da Universidade de Helsinque e Universidade Aalto, demonstrou anteriormente que a estimulação magnética transcraniana simultânea do cérebro e estimulação elétrica dos nervos dos membros constituem um método útil de reabilitação motora em pacientes que sofreram lesões na medula espinhal.
 

Tratamento com EMT
Paciente com lesão medular espinhal recuperou a habilidade de andar independentemente com a ajuda de um andador do tipo rolante.
 

Estudos de caso anteriores mostraram que a estimulação sincronizada do cérebro e dos nervos dos membros fortalece as conexões neurais e, portanto, pode restaurar a mobilidade dos pacientes. Agora, os pesquisadores do laboratório examinaram, pela primeira vez, o potencial da terapia de estimulação associativa pareada no tratamento da paraplegia incompleta, investigando como a terapia de estimulação pode promover a recuperação da capacidade de locomoção quando combinada com a reabilitação da locomoção.
 

Os resultados do estudo de caso recentemente concluído foram publicados na revista  Spinal Cord Series and Cases (Casos e séries de medula espinhal).
 

Shulga disse: “Demonstramos pela primeira vez que a estimulação associativa emparelhada ajudou um paciente paraplégico a andar e promoveu sua reabilitação para andar. A terapia de estimulação já havia sido considerada um modo potencial de tratamento para lesões da medula espinhal. Essas descobertas nos estimulam a continuar investigando a estimulação associativa pareada”.
 

Neste estudo de caso em particular, a terapia de estimulação foi administrada em um homem de 47 anos cujos membros inferiores estavam parcialmente paralisados devido a uma lesão na medula espinhal. A perna direita do paciente havia recuperado espontaneamente quase todas as suas funções no ano seguinte à lesão, mas a funcionalidade da perna esquerda havia se recuperado apenas parcialmente, deixando o paciente incapaz de andar. Um ano após o trauma, sua perna esquerda recebeu tratamento de estimulação por três meses. Este tratamento de três meses foi repetido dois anos após o trauma.
 

Antes do tratamento de estimulação, o paciente não conseguia ficar de pé sem um suporte considerável de peso corporal. Por ser considerada infrutífera, a reabilitação convencional da marcha não foi iniciada.
Após o primeiro período de estimulação de três meses, o paciente foi capaz de ficar em pé por 1,5 minutos e dar 13 passos em barras paralelas sem suporte de peso. Graças a essa melhora, o paciente foi inscrito na reabilitação da marcha após o período de tratamento, alcançando a capacidade de locomoção independente com a ajuda de um Rollator.
 

Durante o segundo período de tratamento de três meses, sua distância caminhada aumentou 2,4 vezes mais rápido em comparação com o período anterior, quando ele não recebeu estimulação. Além disso, a perna esquerda havia recuperado sua força em um grau considerável, enquanto a pontuação para a medida que descreve o funcionamento independente do paciente também havia melhorado. Nenhum efeito adverso foi causado pelo tratamento.
 

A maioria das lesões da medula espinhal é incompleta, com grande variação entre os casos individuais. Certos pacientes podem permanecer completamente paralisados do pescoço para baixo, enquanto os melhores casos podem ter uma recuperação quase total ou total. A recuperação depende do nível e da gravidade da lesão.
 

Shulga acrescentou: “Um ano após o trauma, a velocidade de recuperação diminui acentuadamente e há pouca recuperação espontânea”.
 

Novas terapias são necessárias para o tratamento das lesões traumáticas da medula espinhal, pois o único método atualmente em uso clínico é a estabilização cirúrgica da coluna, realizada somente quando necessário, e posterior reabilitação.
 

Atualmente, ela está realizando um ensaio randomizado duplo-cego controlado por placebo, no qual apenas um a quatro meses se passaram desde o trauma que causou a tetraplegia dos pacientes participantes do estudo. O objetivo do estudo é melhorar a função dos membros superiores dos pacientes, enquanto um estudo semelhante está sendo planejado para pacientes paraplégicos.
 

“Estamos investigando a eficácia da estimulação magnética e elétrica sincronizada, com o objetivo de introduzir uma técnica para uso clínico, aumentando a força das evidências”, disse Shulga.
 

Tradução livre e adaptação do texto original em inglês do site Spinal News International
Publicado em 17 de agosto, 2020