Mãe deprimida com a filha

O que você precisa saber sobre a EMT na depressão resistente ao tratamento

Por David Woo, MD
 

Aproximadamente 1/3 dos pacientes diagnosticados com Depressão Maior apresentam depressão resistente ao tratamento. A EMT pode ser uma boa alternativa para essas pessoas.
 

Os antidepressivos revolucionaram o tratamento da depressão. Mas esses medicamentos são eficazes apenas para algumas pessoas. Existem tratamentos alternativos para pacientes que não respondem a antidepressivos?
 

Os antidepressivos foram prescritos pela primeira vez na década de 1950 e mudaram completamente a maneira como os profissionais de saúde tratam a depressão (1). Os antidepressivos ajudaram a impulsionar a compreensão dos cientistas sobre os mecanismos que causam sintomas depressivos e proporcionaram alívio dos sintomas a milhões de pessoas em todo o mundo.
 

Mas e se você é uma das milhões de pessoas que não sentiram melhora ao tomar antidepressivos? Hoje, cientistas e médicos reconhecem que um número significativo de pessoas não está respondendo aos antidepressivos.
 

Antidepressivos aliviam sintomas, mas não em todos pacientes.

Os antidepressivos são considerados a primeira linha de tratamento para a depressão. Isso ocorre porque comprovadamente aliviam os sintomas depressivos, especialmente para indivíduos com depressão grave (2). No entanto, às vezes, o primeiro antidepressivo não alivia os sintomas da depressão. Por esse motivo, os médicos recomendam experimentar diferentes antidepressivos.
 

Existem vários tipos de antidepressivos. Cada um deles trabalha usando mecanismos diferentes para aliviar os sintomas depressivos. Por exemplo, inibidores seletivos da recaptação de serotonina (ISRSs) funcionam aumentando os níveis de serotonina (um neurotransmissor que regula o humor e o comportamento) no cérebro. Os antidepressivos tricíclicos atuam aumentando os níveis de serotonina e noradrenalina (um neurotransmissor e hormônio conhecido por afetar o humor) no cérebro (3, 4).
 

De acordo com um estudo publicado no The Journal of American Medical Association, dos mais de 9.000 indivíduos que preencheram um questionário e foram diagnosticados com Transtorno Depressivo Maior (TDM), 51% deles receberam tratamento. Das pessoas que receberam tratamento, o tratamento foi suficiente apenas para aproximadamente 40%. Este estudo sugere que os tratamentos padrões para depressão não são adequados e que muitos pacientes diagnosticados com depressão precisam de opções alternativas de tratamento (5).
 

Se você experimentou dois ou mais antidepressivos, ao mesmo tempo em que atende um terapeuta e não notou uma melhora em seus sintomas, pode ter depressão resistente ao tratamento. De fato, cerca de um terço dos pacientes diagnosticados com Transtorno Depressivo Maior (TDM) são considerados como portadores de depressão resistente ao tratamento (6).
 

Por que os antidepressivos não funcionam para todos?
A causa exata da depressão resistente ao tratamento é desconhecida. No entanto, os cientistas descobriram recentemente um possível fator contribuinte: distúrbios metabólicos.
 

Um estudo publicado no The American Journal of Psychiatry avaliou níveis de certos metabólitos (substâncias formadas durante o processo de metabolismo) em 33 adolescentes e adultos jovens com depressão documentada como resistente ao tratamento. Os metabólitos foram medidos a partir de amostras de urina, plasma sanguíneo e líquido cefalorraquidiano (LCR).
 

Os cientistas descobriram que 21 dos 33 indivíduos tinham anormalidades nos níveis de certos metabólitos nas amostras de LCR. Os resultados deste estudo sugerem que os desequilíbrios metabólicos podem contribuir para a depressão resistente ao tratamento (7).
 

EMT: Um novo tratamento para depressão
A EMT foi aprovada pelo FDA em 2008 especificamente para indivíduos que não respondiam a antidepressivos e apresentavam depressão resistente ao tratamento (8). Uma revisão de 18 estudos publicados em 2014 no The Journal of Clinical Psychiatry demonstrou claramente a eficácia do tratamento com EMT em comparação com o tratamento com placebo ou placebo em indivíduos com depressão resistente ao tratamento (9).
 

Além disso, um estudo publicado na mesma publicação mostrou que um tratamento de EMT é eficaz o suficiente para produzir efeitos duradouros . De fato, entre os pacientes que preencheram os critérios de resposta ou remissão, 62,5% continuaram apresentando melhora um ano após o tratamento (10).
 

Como a terapia EMT alivia os sintomas da depressão?
A EMT não requer anestesia de nenhum tipo e é realizado como procedimento ambulatorial. Isso significa que os pacientes podem retornar ao trabalho imediatamente após a consulta.
 

Durante uma sessão de EMT, o paciente senta-se confortavelmente em uma cadeira reclinada. O médico então posiciona uma bobina magnética próxima a um local predeterminado do couro cabeludo do paciente. Essa bobina magnética libera pulsos magnéticos que geram uma corrente elétrica no cérebro.
 

Essa corrente elétrica estimula a atividade dos neurônios (células cerebrais) em áreas específicas do cérebro conhecidas por estarem associadas à depressão. Ao ativar essas áreas, os médicos esperam estimular os neurônios para liberar mais neurotransmissores (uma substância química liberada pelos neurônios que lhes permitem se comunicar) e restaurar a comunicação normal ao longo dos caminhos dos neurônios que viajam para outras regiões do cérebro (11).
 

Um tratamento com EMT requer cinco sessões por semana, durante seis semanas. É seguido por um período de três semanas de redução gradual, em que o paciente assiste gradualmente a menos sessões a cada semana.
 

Terapia EMT como tratamento aliado a medicamentos antidepressivos
Às vezes, os pacientes que tomam antidepressivos notam melhora dos sintomas depressivos no início, mas depois param de ver os resultados. Os cientistas exploraram o uso da terapia EMT em conjunto com antidepressivos e registraram os resultados. Seus estudos mostraram que a EMT pode aumentar os efeitos de certos antidepressivos.
 

Um estudo publicado na Biological Psychiatry observou os efeitos da terapia EMT quando aplicada a pacientes em uso de amitriptilina (um antidepressivo tricíclico). Neste estudo, 46 indivíduos diagnosticados com depressão receberam terapia com EMT ao longo de quatro semanas (uma sessão por dia durante cinco dias por semana) enquanto tomavam simultaneamente amitriptilina.
 

Os participantes foram escolhidos aleatoriamente para receber tratamento simulado com EMT (placebo) ou tratamento ativo com EMT. Os resultados demonstraram claramente uma redução significativa nas pontuações em múltiplas escalas de classificação de depressão com EMT ativo em comparação com EMT falsa. Não houve efeitos adversos. Esses resultados sugerem que a terapia com EMT aumenta os efeitos da amitriptilina e pode fazer o mesmo com outros antidepressivos (12).
 

Embora tenha sido demonstrado que a EMT aumenta os efeitos de alguns antidepressivos, ela pode aumentar o risco de certos efeitos colaterais quando tomado com outros antidepressivos. Para os pacientes que tomam um antidepressivo, é importante conversar com seu médico sobre se a EMT é uma opção de tratamento segura, de acordo com o seu plano de tratamento atual.
 

A EMT tem algum efeito colateral?
A EMT está associada a poucos efeitos colaterais. Aqueles que foram observados em ensaios clínicos são raros e/ou leves. Os efeitos colaterais da EMT incluem desconforto no couro cabeludo, leve dor de cabeça e formigamento ou contração muscular dos músculos faciais (13). O efeito colateral mais grave associado a EMT é o risco de convulsão. Esse risco é inferior a 1% em indivíduos não-epiléticos (14).
 

Se você estiver trabalhando atualmente com um psicólogo ou psiquiatra, pergunte ao seu médico se a terapia com EMT pode ser adequada para você.
 

Referências:
1. López-Muñoz, Alamo C. Monoaminergic neurotransmission: the history of the discovery of antidepressants from 1950s until today. Current Pharmaceutical Design. 2009;15(14):1563-86. Clique aqui. Acessado em 11 de Junho, 2019.
2. Depression: How effective are antidepressants? InformedHealth.org — Institute for Quality and Efficiency in Health Care (IQWiG). Published January 28, 2015. Atualizado em 12 de Janeiro, 2017. Clique aqui. Acessado em 11 de June, 2019.
3. Selective serotonin reuptake inhibitors (SSRIs). The Mayo Clinic. Atualizado em 17 de Maio, 2018. Clique aqui. Acessado em 11 de Junho, 2019.
4. Tricyclic antidepressants and tetracyclic antidepressants. The Mayo Clinic. Atualizado em 28 de Junho, 2016. Clique aqui. Acessado em 11 de Junho, 2019.
5. Kessler RC, Berglund P, Demler O, Jin R, Koretz D, Merikangas KR, Rush AJ, Walters EE, and Wang PS. The epidemiology of major depressive disorder: results from the National Comorbidity Survey Replication (NCS-R). The Journal of the American Medical Association. 2003; 289(23): 3095-105. Clique aqui. Acessado em 11 de Junho, 2019.
6. Ionescu DF, Rosenbaum JF, and Alpert JE. Pharmacological approaches to the challenge of treatment-resistant depression. Dialogues in Clinical Neuroscience. 2015; 17(2): 111–126. Clique aqui. Acessado em 11 de Junho, 2019.
7. Pan LA, Martin P, Zimmer T, Segreti AM, Kassiff S, McKain BW, Baca CA, Rengasamy M, Hyland K, Walano N, Steinfeld R, Hughes M, Dobrowolski SK, Pasquino M, Diler R, Perel J, Finegold DN, Peters DG, Naviaux RK, Brent DA, Vockley J. Neurometabolic Disorders: Potentially Treatable Abnormalities in Patients With Treatment-Refractory Depression and Suicidal Behavior. The American Journal of Psychiatry. 2017; 174: 42–50. Clique aqui. Acessado em 11 de Junho, 2019.
8. Horvath JC, Mathews J, Demitrack MA, and Pascual-Leone A. The NeuroStar TMS device: conducting the FDA approved protocol for treatment of depression. Journal of Visualized Experiments. 2010;(45). pii: 2345. Clique aqui. Acessado em 11 de Junho, 2019.
9. Gaynes BN, Lloyd SW, Lux L, Gartlehner G, Hansen RA, Brode S, Jonas DE, Swinson Evans T, Viswanathan M, and Lohr KN. Repetitive transcranial magnetic stimulation for treatment-resistant depression: a systematic review and meta-analysis. The Journal of Clinical Psychiatry. 2014;75(5):477-89. Clique aqui. Acessado em 11 de Junho, 2019.
10. Dunner DL, Aaronson ST, Sackeim HA, et al. A multisite, naturalistic, observational study of transcranial magnetic stimulation for patients with pharmacoresistant major depressive disorder: Durability of benefit over a 1-year follow-up period. J Clin Psychiatry. 2014;75(12):1394-401. Clique aqui. Acessado em 17 de Agosto, 2018.
11. Neurostar mechanism of action. YouTube: Neurostar Advanced Therapy. Clique aqui. Published on Nov 29, 2016. Acessado em 11 de June, 2019.
12. Rumi DO, Gattaz WF, Rigonatti SP, Rosa MA, Fregni F, Rosa MO, Mansur C, Myczkowski ML, Moreno RA, Marcolin MA. Transcranial magnetic stimulation accelerates the antidepressant effect of amitriptyline in severe depression: a double-blind placebo-controlled study. Biol Psychiatry. 2005 Jan 15;57(2):162-6. Clique aqui. Acessado em 11 de Junho, 2019.
13. Transcranial magnetic stimulation. The Mayo Clinic. Updated Nov. 27, 2018. Clique aqui. Acessado em 11 de Junho, 2019.
14. Rossi S, Hallett M, Rossini PM, Pascual-Leone A, and The Safety of TMS Consensus Group. Safety, ethical considerations, and application guidelines for the use of transcranial magnetic stimulation in clinical practice and research. Clinical Neurophysiology. 2009; 120(12): 2008–2039. Clique aqui. Acessado em 11 de Junho, 2019.

Tradução livre e adaptação do texto original em inglês do site The Doctor Weighs in
Publicado em 22 de agosto de 2019.